segunda-feira, março 31, 2014

10 PERGUNTAS PARA GLÁUCIO DALLA CORTT CELLA

Na primeira entrevista do ano, o Blog Xadrez Piraí entrevista Gláucio Dalla Cortt Cella, que notabilizou-se no meio enxadrístico ao derrotar nada mais nada menos do que o atual campeão mundial Magnus Carlsen, em partida simultânea realizada em Caxias do Sul no dia 07 de março. O evento fez parte da XIII Festa da Uva, competição tradicional do calendário esportivo brasileiro. A Festa da Uva tem se destacado por trazer sempre grandes jogadores para fazer parte do espetáculo, do cenário internacional já passaram por Caxias como convidados, Ivanchuk e Polgar. Neste ano, a vinda do Campeão Mundial e número um do mundo foi um enorme atrativo.
Gláucio nos conta como foi enfrentar o campeão e o melhor, vencer. E fala ainda sobre seu projeto “Lance Mágico”.  Sem a pretensão de ser um jogador profissional o enxadrista de Francisco Beltrão segue sua rotina estudando para concursos, mas sem abandonar a nobre arte.

1. O que o levou a jogar xadrez?
Comecei a jogar xadrez aproximadamente com 7 anos, minha mãe me ensinou, e ensinou errado, disse que o peão capturava para frente, por exemplo, não gostei de cara do jogo, somente em 1999 quando tinha 11 anos é que despertei interesse pelo esporte, foi quando um professor de Educação Física em vez de simplesmente largar o tabuleiro para as crianças jogarem, passou um problema de mate em 2, era um corredor de torre, eu como não tinha técnica nenhuma e nem paciência não consegui responder, fala a verdade ninguém da sala conseguiu, quando eu soube da resposta, eu fiquei louco, era muito simples e lógico, foi ai que levei como desafio e quis aprender e desvendar o jogo. Foi paixão a segunda vista.

2. Você teve a chance de enfrentar um dos maiores nomes do xadrez em todos os tempos. Muitos gostariam de estar no seu lugar naquela partida inesquecível contra o genial Magnus Carlsen. Conte-nos como você ficou sabendo do evento em Caxias do Sul e qual foi sua reação ao saber que Carlsen estaria no evento?
Eu já havia participado em 2010 quando Ivanchuk veio, naquela época eu estava treinando forte, fiz um bom torneio, vencendo inclusive o MI Vinicius Martins e só não terminei bem colocado porque não pude jogar a última rodada, ficou aquele gostinho de quero mais, torneio super organizado, cidade bonita, Festa da Uva, celebridades por todos os lados, e um clima amistoso festivo, bem diferente do continental (único outro evento já realizado nessa mesma dimensão) só quem foi sabe do que estou falando. Quando a Polgar veio, eu estava em Curitiba atolado nos estudos e infelizmente não pude ir. Então, meu amigo Rodrigo Merlo disse que o Carlsen viria ao Brasil na festa da uva, corri ver, difícil de acreditar, o Melhor do Mundo, um torneio aberto, então descobri que teria simultânea, fiquei alvorecido. Achei o valor caro quando vi mas depois pensei, nossa, quando terei outra oportunidade dessa na vida... Corri fazer a inscrição e só depois dei conta do que estava acontecendo. Eu, um amador do interior do Paraná, iria jogar contra um campeão Mundial de Xadrez em exercício, e não contra qualquer campeão e sim contra o maior elo da história, no auge, que honra.

3. Você, certamente, entrou para a história do xadrez nacional, ao tornar-se o primeiro, e talvez único, brasileiro a derrotar um campeão mundial no auge. Você se preparou para enfrentá-lo? 
Pode ser difícil de acreditar, mas não me preparei nem para a festa da uva nem para o Paranaense sub 26. Meu objetivo maior em participar destes dois eventos era de divulgar o xadrez na região, lançando notícias no jornal, para ajudar a promover o projeto Lance Mágico. Claro que sabia quem eu iria enfrentar, conhecia seus pontos fortes e fracos, torci muito para ele ser campeão mundial, vi todas as partidas, e é o meu grande ídolo na atualidade do xadrez, Antes dele surgir eu gostava do Kramnik, mas o Carlsen é diferente, meu estilo e o dele são próximos, menos preocupação na abertura e mais no cálculo, chegar rapidamente a posições nunca antes jogadas, e principalmente criar, claro que as semelhanças param ai, é outro nível outro mundo, e outra forma de ver as coisas. Na tarde que antecedeu a partida olhei rapidamente a base de partidas dele no chesstempo e vi que ele jogava mais Ruy Lopes, dei uma olhada na variante fechada, só queria não perder na abertura. Mas na partida ele jogou 1.Cf3 e naquele instante caiu a ficha de que estava diante do melhor jogador do mundo e não tinha a mínima ideia do que responder, mas como eu sempre digo, a maioria dos males vem para o bem, a partir do primeiro lance dele eu só tinha uma meta, jogar contra um humano-computador da melhor forma possível. Não olhei mais pra ele e joguei o melhor que pude...

4. O que esperava do jogo? Em que momento você sentiu que estava com a partida ganha? 
Como a maioria dos simultanistas, meu objetivo principal era não perder na abertura, que é o meu maior déficit, sempre priorizei o cálculo e o xadrez em si, deixei a decoreba de aberturas de lado, pois tenho a visão que elas não fazem você jogar melhor e sim apenas vencer mais partidas. Se você quer ser competitivo, estude a fundo aberturas, se você quer desenvolver habilidades foque resolução de problemas. Prefiro ver o que meu adversário joga de abertura e preparar algo pra tirar ele do conforto do que jogar sempre a mesma variante da mesma maneira. Talvez o único que sinceramente acreditava em um resultado positivo antes do jogo fosse o MF Alfeu,  já que venceu a Polgar na Simultânea e empatou no torneio em 2012, ainda mais depois do e4 respondido por e6, e ele estava na sua zona de conforto. Os outros como eu, queriam durar bastante, e poder quem sabe guardar a partida num quadro, só de jogar já nos sentíamos uma celebridade. É difícil dizer como tudo aconteceu, sei que após a abertura quando pela primeira vez em uma partida pensada joguei Bg4 e ele tomou com o estranho bxc3, eu sabia que precisava de algo milagroso, sabia que seria massacrado aos poucos contra um Carlsen agressivo e um xadrez concreto, pois não conhecia nada do desdobramento daquela posição, então pensei em algo novo e criativo, e enxerguei o Lance Mágico 8... e5, a partir dali eu senti que tirei o Gênio da zona de conforto, dando uma preocupaçãozinha a mais para ele, e então joguei mais tranquilo, era como se intimamente eu sentisse que toda a vantagem que ele tinha por conhecer mais aberturas, e por calcular melhor tinha ido pro espaço, porque estávamos numa posição única, numa simultânea. E joguei a partir dali contra mim mesmo, mas claro que ainda era um amador contra o campeão mundial, contra o ídolo. Falar em ficar ganho é difícil, é melhor dizer vantagem decisiva, porque um cara com os recursos que o Carlsen tem, pode reverter partidas tidas como completamente perdidas. Eu senti que estava melhor após jogar Tb4...

5. Caso, em algum momento da partida, Carlsen tivesse feito proposta de empate, você teria sangue frio para rejeitar? 
No momento que joguei minha torre em b4, eu já sabia que podia vencer, mas sabia que ainda tinha chão, que não seria fácil, mas confesso que poucas vezes senti-me tão bem jogando uma partida e tão confiante, como eu falei, eu esqueci que estava enfrentando o melhor do mundo eu estava jogando contra mim mesmo, procurando sempre o melhor lance, então a partir daquele momento eu dificilmente aceitaria empate, aliás eu não ofereceria empate. Pois, caso ele oferecesse, seria complicado dizer não, não pela partida, porque eu não tinha medo de perder, mas por respeito ao ídolo, que reconhecendo a inferioridade  na posição antes de ficar completamente perdido teria oferecido empate, acho que se fosse assim nós dois sairíamos como vencedor, eu tenho este lado empático de tentar me colocar no lugar do outro. Infelizmente ou felizmente isto não ocorreu, e depois disso foi história. E deve ser feito a ressalva que se fosse a última partida com ele sentado a minha frente jogando 5x5 ou 3x3, ficaria difícil não ser enrolado, portanto dependendo de como estivesse a partida teria que oferecer empate. Mas na posição que ele abandonou, eu estando com uma torre a mais e um peão na sétima, preferia perder do que oferecer ou aceitar empate.

6. Com a vitória sobre Carlsen, você tornou-se uma especie de celebridade do esporte, a mídia o tem procurado e muito. Como tem reagido a este assédio?
Estou fazendo o possível para administrar as coisas, sinceramente nunca pensei em ser profissional,  e dificilmente isso vai mudar, acredito que nasci para inspirar outras pessoas mas não para ser propriamente um ídolo do esporte, prefiro ser admirado pela maneira como faço as coisas e não por tê-las feito, acho que no fundo queria ser um pouco professor como Wilson ou o Jerry, que são pessoas que todos os dias mudam a vida de inúmeras outras pessoas.
Nem facebook não tenho, acho que toma um tempo desnecessário e só nos afasta das pessoas, sem contar na invasão gratuita de privacidade, penso que as pessoas estão cada vez mais parando de vivenciar e de sonhar, para apenas admirar e reproduzir.
Só que de outro lado tem o Xadrez, tem o Lance Mágico, tem a vontade de tornar o esporte popular e isso é maior do que eu, é maior do que eu posso querer pra mim, então eu me deixo de lado, e tento pensar no que os outros fariam, pois foi me concedida uma oportunidade única, poucas vezes o xadrez foi tão exposto na mídia, tento sempre nas entrevistas falar dos benefícios do esporte, e ressaltar que sou um amador, na esperança de motivar outras pessoas a fazerem feitos incríveis e a se interessarem pelo xadrez e pelos benefícios que ele traz, mas inevitavelmente a promoção pessoal vem junto, o que é ruim, pois fica um clima ruim com os jogadores profissionais, que já conquistaram muito mais coisas e se consideram mais merecedores desta atenção do que eu.

7. Como foi sua chegada em Francisco Beltrão após tal proeza? Este feito irá ajudá-lo no desenvolvimento do xadrez em sua cidade?
As coisas mudaram muito por aqui, fui bastante prestigiado pela imprensa local, por amigos, por pessoas que não conhecia, acho que cada beltronense no fundo ficou orgulho disso, vou até receber uma placa na câmera de vereadores. No fundo as homenagens não significam grande coisa para mim, como dizia Aristóteles, “a grandeza não consiste em ganhar honras, mas sim merece-las”, mas significa muito para o xadrez, quando poderíamos imaginar que alguém iria ganhar uma placa, uma menção honrosa por um feito no xadrez.  
Quanto ao xadrez na cidade, inegavelmente tivemos um 2013 terrível, com a troca de administração perdemos o espaço do clube, perdemos um coordenador de xadrez que entendesse e incentivasse o esporte, pararam os torneios apoiados pela prefeitura, fomos rebaixados nos jogos da juventude e não tivemos equipe para os abertos. As coisas só não terminaram de vez porque o Clube, foi atuante, porque eu a Dulcinéia, Fernando, Adriano, Hércules e outros jogadores, não mediram esforços para promover eventos e o ensino. Agora temos outra realidade, além do Lance Mágico o professor Jerry Pilati conquistou uma sede para o clube, e um amplo espaço para dar capacitação de professores e promover eventos, aliado a isso a Secretária de Esportes já sinalizou no sentido de apoiar o xadrez, inclusive já voltamos a representar a cidade no paranaense de menores, conquistando alguns bons resultados, se conseguirmos manter o ritmo em breve faremos frente as grandes cidades novamente.

8. Outra grande celebridade mundial, o ator Arnold Schwarzenegger, promoverá no Brasil o "Arnold Classic Brasil", de 25 a 27 de abril, no Rio Centro. O ator, um grande amante do xadrez, fez questão de incluir a modalidade entre os eventos que promoverá. Você acha que isso ajudará o xadrez conquistar novos investidores e com isso alavancar ainda mais a modalidade no país?
Com certeza ajuda, fale bem, fale mal, mas fale... O Xadrez só vai ser levado a sério quando pessoas importantes levarem ele a sério, quando a mídia se sentir confortável pra falar de xadrez sem ser criticada por falar errado o nome da jogada, ou por errar o evento etc... Precisamos todos ser mais tolerantes, e mais, precisamos pensar sempre que não interessa sobre o que estão falando, mas que estão falando de xadrez. Outro aspecto é que dificilmente o xadrez vai ser popular enquanto os jogadores de elite não forem populares, a impressão que fica é que quanto mais o cara sobe o nível mais ele sobe o ego e mais distante ele fica de quem está lá embaixo, assim fica difícil criar ídolos e divulgar o xadrez.  Penso que falta um pouco da responsabilidade de campeão para os enxadristas, de saber que ao chegar no topo ele tem o dever de contribuir para que o esporte cresça, penso que não custa nada para um GM ou MI que vive do xadrez, sair pelo brasil promovendo simultâneas dando palestras, jogando torneio abertos, porque na pior das hipóteses isso voltaria em alunos ou em patrocínio, agora me diga quem que vai querer patrocinar um cara que não aparece, num esporte que não é tão popular... Faça uma pesquisa, pergunte para 100 pessoas fora do xadrez, quem é Rafael Leitão? Ou Giovani Vescovi, ou Gilberto Milos? Penso que antes de querermos ser fortes como esportistas deveríamos pensar em tornar o esporte forte.  Mas as coisas estão melhorando muito, principalmente no Paraná, com o Bolivar, com o Wilson, com o Rogério, e outros que além de promoverem o xadrez em suas cidades buscam torna-lo acessível a todos.

9. Francisco Beltrão foi por muito tempo uma das maiores referências em xadrez escolar no Brasil, inclusive com um dos maiores professores desta área, Professor Jerry Pilati, sendo o responsável pela tradução e divulgação do livro "Por que Xadrez nas Escolas?", de Uvêncio Blanco. Qual sua participação neste projeto?
Não posso ganhar o crédito por algo que eu não fiz, o Jerry fez história na cidade e no Estado, lutou muitas vezes contra tudo e contra todos, fez com que por 12 anos o xadrez fosse uma espécie de segundo esporte da cidade, atrás apenas do futebol, lançou o livro, que é uma referência nacional, e fez tudo isso sozinho. No máximo servi de incentivo.

10. Quais seus planos futuros em relação ao Xadrez?
Antes mesmo de vencer o Carlsen, criei o Lance Mágico. Quero convencer as pessoas que o xadrez desenvolve lógica, velocidade de raciocínio, calculo memória, e muito mais... Temos o site www.lancemagico.com, onde tem mais informações, pretendemos atingir mais de uma centena de alunos e promover inúmeros eventos.
Pessoalmente quero disputar algumas competições, como continental, brasileiro sub 26, e jogos abertos se possível.

Considerações Finais.
Por fim quero agradecer a todos que tornaram este sonho possível, a quem jogou a simultânea e endureceu o jogo, (pois não se vence sozinho), quero agradecer aos amigos, e em especial a quatro pessoas, a minha noiva e companheira Laryssa Borghezan, que esteve junto nesse e em muitos outros momentos marcantes da minha vida. Ao Professor Jerry Pilati, por nunca ter perdido as esperanças com o xadrez, por ter ajudado muito na divulgação e por ter sido como um pai, e a Dulcinéia Betti  e o Rodrigo Merlo, que desde o início acreditaram em mim, no projeto Lance Mágico, e no xadrez.

Agradeço o convite do Maurides, é uma honra dividir este espaço do Blog que já teve inúmeras celebridades entrevistadas, e espero que após este “milagre” todos nós enxadristas passemos a acreditar mais no impossível durante as partidas, no tabuleiro e na vida, desafiar menos os outros e mais nós mesmos, esquecer o passado e o futuro, e procurar o Lance Mágico de cada posição.

quarta-feira, março 19, 2014

ECOS DE CAXIAS DO SUL

O maior evento da minha vida!

É raro me manifestar em primeira pessoa no blog, mas nesse caso não há como não fazê-lo. 
Estive em Caxias do Sul de 06 a 09 de março para realizar um sonho de qualquer amante da nobre arte do xadrez. Conhecer um campeão mundial seria algo surreal, enfrentá-lo então, inconcebível. Bem, consegui as duas coisas.
Aqui alguns relatos dos eventos em que estive presente. 

SIMULTÂNEA ÀS CEGAS

O primeiro evento em que tive contato com o Campeão Mundial Magnus Carlsen foi na simultânea às cegas na APADEV, associação fantástica que faz um trabalho maravilhoso, e acreditem, sem um único tostão de verba governamental. Nesta oportunidade Magnus enfrentou quatro enxadristas com deficiência visual em pé de igualdade, já que o próprio Magnus jogou com uma venda nos olhos. Quando Magnus chegou ao salão de jogos foi uma sensação diferente, como se estivesse vendo um Pelé, um Jordan da vida, acreditem, o cara tem algo especial. Após a simultânea, com 3 vitórias e um empate (cedido de forma camarada), Magnus atendeu ao público de maneira simpática tirando fotos e dando muitos autógrafos. Foi até engraçado a forma como consegui chegar perto do campeão. Pedi ao amigo Carlos Calleros, que estava arbitrando a simultânea, que levasse a camiseta do nosso Clube de Xadrez até ele na tentativa de pegar um registro único. Calleros foi abrindo caminho e quando chegou perto de Magnus peguei a camiseta das mãos do Calleros e disse nos "melhor" inglês "Carlsen, please, could autograph this t-shirt?"  Carlsen virou-se, pegou a camiseta e a colocou em cima de uma mesa e a autografou, em seguida virou-se e tiramos uma foto. Ainda tive tempo de agradecer "Thanks, it is our chess club t-shirt. "Carlsen respondeu "Sure!".  Uma questão de segundos ao lado de um dos maiores enxadristas de todos os tempos e que irá marcar para sempre a vida deste jogador de clube. 
Cabe aqui um registro sobre os GM's Tiviakov e Peter Nielsen (foto), foram de uma simpatia única com o pessoal presente. Nielsen, certamente conquistou a admiração de muitos ali. 

PALESTRA COM MAGNUS CARLSEN

Magnus deu uma palestra bem humorada onde abriu para o público fazer perguntas, comentarem seus lances (o que teve de bola fora rsrsrs), enfim, interagir com o campeão. 
Antes de iniciar a palestra, Magnus jogou uma partida-exibição com o Diretor do Evento, André Ricardo Boff, onde Magnus teve 1 min. contra 5 min. de André. O resultado é que em poucos segundos a partida estava definida. Carlsen ainda deu um sorriso quando jogou Dh3 e o mate viria no lance seguinte. André e o público riram da situação. Em tempo, foi este humilde enxadrista que vos fala quem configurou o relógio da partida. 
Carlsen falou sobre uma partida em que ele batizou de King's March, ou o Passeio do Rei, onde ele demonstrou e explicou lance a lance de como o Rei pode realmente ajudar, ser de fato uma peça dinâmica (coisa de gênio, para mim, um dos piores capivaras que existe, expor o rei da forma com ele o fez, seria o fim!). 
Ao final, por mais de duas horas o campeão respondeu perguntas, incluindo aí o tempo de analise da partida, e pareceu muito convicto de sua importância no cenário esportivo mundial. A mídia que este menino atraí é algo que não se via desde os tempos de Fischer e mais tarde Kasparov. 
Entre as perguntas respondidas pelo campeão, três respostas chamaram minha atenção. A primeira dizia respeito ao "segredo" dele para jogar, Carlsen foi enfático em dizer que não há segredo, o negócio é calcular! A segunda foi quando perguntaram a ele quem apontaria como o possível desafiante ao título mundial, Carlsen disse que apenas diria o óbvio, que ficaria entre Kramnik e Aronian, mas que no entanto, qual fosse seu adversário, venceria. A última foi quando perguntaram se Kasparov era melhor que ele. Carlsen disse não saber (mas a cara dele era algo do tipo "eu acho que não"), ao responder "que não sabia" arrancou aplausos do público. Contou sobre o seu período de treinamento com o Ogro de Baku, mas que essa questão de quem foi melhor não ocupava seus pensamentos. 
Ao final, Carlsen, aparentando cansaço da maratona do dia, ainda tirou fotos e muitos autógrafos com todos os fãs, inclusive consegui outra foto com o campeão junto com minha esposa Rafaele e minha amiga Petra. O cara foi show! 
Agradeço ao amigo Murilo Gimenez pela força (ele sabe do que estou falando), um amigo e um irmão que pude escolher. Muito obrigado Murilão!

SIMULTÂNEA CONTRA MAGNUS CARLSEN, O GRANDE MOMENTO.

Na sexta-feira, dia 07, às 19h aconteceria o maior momento da minha vida como jogador de xadrez. A chance de enfrentar um campeão mundial (ainda mais o campeão apontado pela crítica como o possível maior de todos os tempos). Nervosismo, ansiedade... não sei explicar ao certo. 
Tivemos a oportunidade de ficar hospedados no mesmo hotel do campeão e por vezes sempre o encontrávamos no saguão. Inclusive, neste dia, quando saíamos para a simultânea, demos de cara com Magnus no elevador. 
Chegando ao shopping onde seria realizada a simultânea (mais cedo, na hora do almoço, vimos Carlsen com Peter Nielsen no shopping jogando ping enquanto aguardava para ser entrevistado - foto), o público ainda era pequeno e conforme os agraciados com a chance de enfrentar o campeão iam chegando, o público aumentava. 
Fomos ocupando nossos lugares, os organizadores preocupados com os detalhes finais, quando finalmente chega o Rei! Foram poucos minutos até que os organizadores explicassem a dinâmica da simultânea. Foram 36 jogadores, que certamente aguardavam pela melhor derrota de suas vidas. Quando Magnus chegou à minha mesa, um breve cumprimento com um aperto de mão e o 1. e4 para começar. Sabe, senti um "alívio" ao ver que o campeão jogou peão do rei. 

Havia visto algumas partidas (mas só dando uma olhada mesmo, já que marmelada na hora da morte, mata!), e resolvi que jogaria 1... c5. Ao chegar novamente, 2. Cc3. Puxa! Justamente a variante que tenho maior dificuldade de enfrentar (como se fizesse diferença se ele jogasse algo que conheço um pouco mais.), passado algum tempo, já completamente com a posição destruída (mas feliz demais pois já tinha passado minha "cota" de lances, já estava no lance 20 e apostavam que eu não duraria 15!), algumas pessoas começaram a abandonar, no lance 27 chegou minha hora. Ao chegar à mesa, tombei o rei, o encarei, estendi a mão e ali chegara ao fim a partida mais importante da minha vida, minha derrota mais comemorada. Peguei sua assinatura na planilha, ouvi os aplausos (para Carlsen obviamente rsrsr) e me retirei. Não sei explicar minha sensação até agora. 
Carlsen, nitidamente cansado, exaurido pela maratona de compromissos (o que de forma alguma tira o mérito de seus adversários), acabou cedendo 4 empates e foi derrotado pelo paranaense Gláucio Dalla Cort (foto acima), vitória que como era de se esperar repercutiu internacionalmente. 
Sonho realizado! Sem mais!

TORNEIO ABERTO

No sábado, começou o Torneio Aberto, com a presença de grandes nomes do xadrez das Américas e alguns europeus. GM's, MI's, MF's e outros tantos jogadores de renome faziam parte do maior torneio que já participei, tanto em número de jogadores quanto em força. Um evento em que se vê um GM (só no título, porque nas atitudes já não é um GM há muito tempo) perdendo na segunda rodada e tantos outros fortes jogadores jogando nas mesas intermediárias, não é um evento normal. 
Sérgio Busquete, para mim o melhor jogador de Piraí do Sul em todos os tempos, juntou-se à nós neste dia e morrendo de sono (chegou as 6h da manhã em Caxias) foi participar da primeira rodada. 
Quando Carlsen chegou ao local de jogos um mar celulares e máquinas fotográficas tomaram o salão, todos queriam um registro do gênio. 
Para variar um pouco joguei mal. O que, sem demagogia, não me importa, tudo o que eu queria já havia conseguido!
A organização do evento disponibilizou telões com as principais partidas e certamente as mais assistidas foram as do Rei. Entre elas, a que mais me chamou a atenção foram contra El Debs e contra Milos, que segurou o ímpeto do campeão (já havia feito isso no torneio fechado), além de super atencioso com os fãs, Milos é um jogador dos mais fortes e experientes do Brasil em todos os tempos.


Gosto muito do jogo do GM José Cubas (Paraguai), para mim um dos grandes jogadores das américas na atualidade, sua partida contra o GM holandês S. Tiviakov foi uma das melhores do evento com certeza. 
O torneio aberto em si, para mim, foi uma oportunidade de tietar outros grandes jogadores (por que jogar era o de menos, minha fase como jogador há algum tempo não é das melhores), todos, com exceção de um alienado (que todos sabem quem é), foram muito amigáveis, deram autógrafos e tiraram fotos. 
Carlsen venceu o torneio, invicto e sem muitos problemas. Além de todos os compromissos o Rei ainda teve tempo de jogar futebol com a galera, fez até gol!
O resumo de tudo isso que vivi pode ser dito em apenas um palavra? Não sei, creio que uma palavra não definiria o que foi participar desta festa do xadrez em Caxias do Sul. Incrível, maravilhoso, inimaginável, único, fantástico, indescritível... O que sei é que passou muito rápido, mas o tempo suficiente para ser inesquecível (um clichê, mas pura verdade). 

A ORGANIZAÇÃO

Quero parabenizar publicamente a organização da Festa da Uva em todas as suas esferas de atuação. Fazer um evento com esta amplitude é algo que certamente não é tarefa fácil. Tive o prazer de ter um maior contato com três dos organizadores, André Ricardo Boff, Jair Rippel Jr. e Joel dos Passos e eles simplesmente foram brilhantes na condução do evento. Parabéns e muito obrigado pela atenção! Em 2016 estaremos aí!!

terça-feira, março 18, 2014

FESTIVAL PARANAENSE DE MENORES E SUB 20 - 26 - RESULTADOS.

Petra Bartmeyer e Douglas Rentz sagram-se campeões paranaenses!

A delegação piraiense de xadrez participou do Festival Paranaense de Menores (Sub 08 a 18), Sub 20 e Sub 26, de 14 a 16 de março, em Manoel Ribas. A competição é uma promoção da Federação de Xadrez do Paraná - FEXPAR (a primeira na gestão Ciro Pimenta) e contou com o apoio da Prefeitura local. Os 22 atletas piraienses competiram nas categorias: Sub 10, Sub 12, Sub 14, Sub 16, Sub 18, Sub 20 e Sub 26. Ao todo, foram 254 atletas participantes, representantes, além da cidade sede, de Paranavaí, Ponta Grossa, Cruzeiro do Oeste, Siqueira Campos, Piraí do Sul, Curitiba, São José dos Pinhais, Nova Santa Bárbara, Umuarama, Ibiporã, Maringá, Nova Olímpia, Roncador, Cascavel, Foz do Iguaçu, Londrina, Francisco Beltrão e Cornélio Procópio.
O sistema de competição foram o Round Robin, todos contra todos em algumas categorias com até oito participantes, e o suíço em seis rodadas com um número maior de participantes em cada categoria. O tempo de reflexão foi de 1h30 para cada jogador. O coordenador da modalidade no município, Maurides Júnior, destacou o bom desempenho dos enxadristas. “Com os resultados obtidos, Piraí do Sul aparece entre as cinco principais equipes do evento, ao lado de Manoel Ribas, Paranavaí, Ponta Grossa e Cruzeiro do Oeste. 
O próximo evento com participação de Piraí do Sul em várias categorias será a 1.ª etapa do Circuito de Xadrez Rápido dos Campos Gerais, dia 04 de maio em Ponta Grossa”.

Os melhores atletas piraienses foram:

Sub 10A
Jackson Bueno da Silva (7.º lugar)

Sub 12F
Kevillyn Lorrayne Pereira (10.º lugar)

Sub 14A
Douglas Rentz Staron (Campeão Paranaense)
Luiz Fernando Lemes Ferreira (8.º lugar)

Sub 16F
Emanuela Pinheiro Quirrenbach (7.º lugar)

Sub 16A
Marcelo Ferreira Barreto (5.º lugar)

Sub 18F
Maria Verônica Bartmeyer (6.º lugar)
Susana Bartmeyer (10.º lugar)

Sub 20A
Guilherme Antônio Bartmeyer (3.º lugar)
Alessandro Henrique Monteiro (4.º lugar)

Sub 26F
Petra Bartmeyer (Campeã Paranaense)

Para saber todos os resultados e classificações finais acesse a página da Federação de Xadrez do Paraná
O Blog Xadrez Piraí parabeniza ao organizador do evento João Otávio Kobill por proporcionar um evento excelente aos praticantes da nobre arte. Parabenizamos ainda pelo título de Equipe Campeã Geral do evento. Merecido!

Texto base: Secretaria de Comunicação de Piraí do Sul

domingo, março 02, 2014

FESTIVAL PARANAENSE DE MENORES - RELAÇÃO DE ATLETAS PIRAIENSES CLASSIFICADOS

Está chegando a hora do maior evento das categorias menores em 2014.

Manoel Ribas irá receber um número recorde de participantes para esta edição do Festival Paranaense de Menores. Este ano a novidade fica por conta da inclusão das categorias Sub 20 e Sub 26 (competição aberta, sem necessidade de etapa classificatória).

Conheça os piraienses que defenderão as cores do município de 14 a 16 de março.


 Christian Júnior Mainardes, Jackson Bueno da Silva, Luciano Bichinski, Kevillyn Pereira, Luiz Fernando Lemes Ferreira e João Vitor Solak.

  Beatriz Bartmeyer, Emanuela Pinheiro Quirrenbach, Maria Verônica Bartmeyer, Susana Bartmeyer, Antônio Shibata e Igor Dalcol Marcondes.


  João Arthur Solak, Douglas Rentz Staron, Marcelo Ferreira Barreto, José Bento Solak, Luisa Dattola e Bryan Borges.


Ketheryn Borges, Alessandro Monteiro, Guilherme Bartmeyer, Petra Bartmeyer, Ingryd Borges e Matheus Oliveira Alves.