terça-feira, abril 06, 2010

10 PERGUNTAS PARA MAURIDES JÚNIOR!


Em entrevista concedida ao enxadrísta piraiense Sérgio Busquete, Maurides conta um pouco da sua trajetória no xadrez e de como se tornou referência para muitos praticantes.

1) Como foi iniciada sua historia no xadrez, de onde veio o interesse em aprender esse jogo?
R: Comecei por acaso, isso em 1991. Aprendi a jogar com meu vizinho Márcio Fernandes (atual secretário de administração da Prefeitura de Piraí). Ele me ensinou os primeiros movimentos. Mas a consciência tática e estratégica do jogo quem me ensinou foram duas lendas do xadrez local, Sr. José Pedro Cardozo (atualmente residindo em Ponta Grossa) e o José Carlos Gonçalves, mas conhecido por Carlos Bolivar. Aprendi muito com eles. Ainda em 1991 realizamos um evento que era disputado na casa do Sr. Pedro e na casa do Bolivar, que eram uma espécie de Café de La Regence da época e fiquei em penúltimo lugar (rssss), com o tempo tomei gosto pelo jogo e estudei muito em casa, estudava partidas dos grandes mestres como Capablanca, Botvinnik, Kasparov, Karpov, Mequinho, etc. Já no segundo evento consegui o vice-campeonato. E a partir de então dedicava quase que na totalidade o meu tempo para o estudo, parei com os outros esportes, na época eu jogava tênis de mesa e handebol. Na arbitragem eu fui autodidata, aprendi sozinho, até porque nesta época as informações eram complicadas de ser conseguidas e ainda não tinha os contatos que tenho hoje, mas aos poucos, como sempre fui muito curioso, fui aprendendo. Fiz meu primeiro projeto de xadrez a convite do Professor Hélio Saldanha Júnior em 1992, era para organizar um evento no Colégio Jorge Queiroz Netto, um torneio. Foi minha primeira experiência como organizador. Em 1997 foi fundado o Clube de Xadrez Prof. Hélio Saldanha, que é bom que se diga, leva esse nome porque o Prof. Hélio Saldanha foi o pioneiro no xadrez em Piraí do Sul, a escolha do nome foi uma surpresa até para os familiares, quem escolheu o nome do Clube foi a Professora Beatriz Barbosa Búrigo que era a Secretária de Educação, Cultura e Esportes da época. Na arbitragem propriamente dita (com a pouca noção que eu tinha) iniciei em 2001 quando fiz meu curso de árbitros da Fexpar ministrado pelo Grande Mestre Jaime Sunye (que foi um dos fundadores do Clube de Xadrez em Piraí), pelo Dr. Wilson Silva e pelo Árbitro Internacional Claudio Tonegutti, que presidia a Federação até ano passado. Minha grande incentivadora para fazer o curso foi a Professora Vera Lúcia Saldanha Sguario. Sou muito grato aos três (Hélio Saldanha Jr, Vera Saldanha e Beatriz Búrigo) pela oportunidade que me deram de poder trabalhar com o Xadrez. Ainda com a arbitragem resolvi trabalhar depois que conheci o Ciro Pimenta e o Calleros (Árbitro Internacional), o Ciro pela competência com que conduzia os Jogos da Juventude e Jogos Abertos e o Calleros porque foi o primeiro que me deu as primeiras noções de como ser um bom árbitro de Xadrez, isso há muito tempo num torneio em Araucária. E assim comecei a trabalhar firme com a modalidade.

2) Existem varias histórias do surgimento do xadrez, nenhuma até agora 100% comprovada, mas qual você acredita ser a mais provável?
R
: A invenção do Xadrez foi atribuída a muitos povos, persas, chineses, egípcios, até mesmo alguns dizem que surgiu durante a guerra de Tróia, mas sem dúvida a que mais acredito é na história do Lahur Sissa! Uma história muito rica, criativa e muito divertida.

3) Você algum dia imaginou que o xadrez Piraiense pudesse chegar ao forte nível que esta atualmente?
R
: Bem, na verdade nunca tinha imaginado que eu iria gostar de xadrez, eu era muito marrento, praticava artes marciais e achava o xadrez muito parado (sempre o mesmo defeito dos seres humanos em questionar o que não conhece), logo que aprendi me apaixonei e segui em frente nesta maravilhosa empreitada. Mas se o xadrez piraiense tem esse reconhecimento é fruto do trabalho, dedicação e empenho não só meu, mas de todos os praticantes, pais, mães, incentivadores e dos setores privados e públicos, sobretudo da Prefeitura.

4) Qual seu maior objetivo no trabalho com o Xadrez?
R
: Meus objetivos não se resumem somente ao xadrez, tento sempre melhorar como ser humano, crescer e possibilitar condições para que meus alunos tornem-se não só vencedores no jogo de xadrez, mas na vida, como diz nosso lema “Mais do que enxadrístas, formando cidadãos”. Esse é um objetivo constante!

5) Qual foi sua maior conquista como jogador? E como técnico?
R
: Pode parecer pouco, mas pelo fato do xadrez em Piraí do Sul ser muito competitivo e por esse motivo difícil de conseguir ganhar um evento aqui, as conquistas que mais considero como jogador foi o tricampeonato piraiense de convencional e o pentacampeonato piraiense de xadrez relâmpago. Como técnico considero que desde a primeira até a última medalha conquistada por um aluno também é a minha maior conquista.

6) Seu trabalho com o xadrez e reconhecido pelo Paraná inteiro, graças a sua dedicação, mas qual foi sua fonte de inspiração para poder chegar aonde chegou?
R
: Por incrível que pareça nunca me inspirei em um Grande Mestre do Xadrez. O que acontece é que tenho um amor incomensurável pelo que faço, desta forma admiro quem também tenha essa paixão, esse amor, esse respeito pela profissão seja ela qual for. Pela determinação, garra e amor pela profissão sempre admirei o piloto Ayrton Senna, o Rei Pelé, o pianista João Carlos Martins cuja determinação é incomparável e o ator Tony Ramos. Essas figuras míticas são ótimos exemplos de como vencer na vida com garra, determinação e acima de tudo, respeito pelos seus semelhantes. No meu círculo de amizades procuro me espelhar no Professor Pedro Caetano, de Foz do Iguaçu.

7) Você acha que o xadrez deveria ser matéria obrigatória nas escolas? Por quê?
R
: Sou contra a obrigatoriedade! Sou a favor de utilizar o xadrez como um excelente complemento educacional pela sua multidisciplinaridade, ninguém é obrigado a gostar de xadrez, ninguém é obrigado a fazer coisa alguma contra a vontade. Mas a partir do momento que se ofereça o xadrez como uma oportunidade de descobrir novas coisas, fazer com o que o xadrez faça parte de sua vida de maneira prazerosa, desta forma creio que a modalidade possa oferecer inúmeros benefícios. Um bom exemplo disso é o projeto Xadrez na Escola do Colégio Estadual Jorge Queiroz Netto, lá o Xadrez não é obrigatório, ele é oferecido de forma extracurricular e os alunos demonstram interesse e conseqüentemente tornam-se bons jogadores e melhores alunos e isso desperta em quem está de fora a também praticá-lo.

8) Muitas pessoas não jogam e não quiseram aprender a jogar xadrez porque diz que esse jogo precisa ter muita inteligência, paciência entre outras qualidades....no seu ponto de vista, isto procede? O que você tem a dizer para essas pessoas?
R
: Bem, tudo na vida é passível de raciocínio, todas as modalidades esportivas também o são. Existe ainda, por incrível que pareça, certo preconceito quando o assunto é xadrez, alguns ainda não o consideram um esporte, mas quando pergunto a estas pessoas por que o xadrez não é esporte não conseguem me responder. Uns dizem que é porque no xadrez o jogador fica parado, não há atividade física, então eu pergunto o que ele entende por atividade física e também não conseguem responder. De acordo com Wilson da Silva (responsável pelo departamento de pedagogia e pesquisa do Centro de Excelência de Xadrez), "as definições, tanto de esporte como de jogo, são bastante imprecisas. Tomemos a seguinte definição de esporte: ‘conjunto de exercícios físicos praticados com método, individualmente ou por equipes’. Tomando essa definição por base, esportes como Tiro com Arco ou Tiro Esportivo não poderiam ser considerados como esportes, pois quase não existe exercício físico, e, no entanto, não somente são esportes como também são esportes olímpicos". Wilson prossegue dizendo que "através de seu status, grau de complexidade interna, grau de organização no mundo e poder de lobby, uma atividade será ou não considerada esporte pelo Comitê Olímpico Brasileiro e Comitê Olímpico Internacional. Em 17/03/1999, o Comitê Olímpico Internacional concedeu através de seu então presidente Juan Antonio Samaranch, reconhecimento ao xadrez”. Ainda levando-se em conta o fator movimento, quer dizer que Fórmula 1 não é esporte? Porque os pilotos mexem apenas as mãos e os pés basicamente. São esportes, só que com movimentos totalmente diferentes. Certa vez eu fazia um curso do Conselho Regional de Educação Física em Francisco Beltrão e um rapaz disse que o xadrez não era esporte e quis debater comigo, ele jogava futebol. Eu o desafiei a jogar uma partida de futebol comigo, inteira em dois tempos de 45 minutos, mas depois desta partida ele teria que jogar 8h de xadrez comigo. Claro, ele declinou. Quero dizer o seguinte, não é o fato de ficar ali sentado que não exista desgaste, existe e é um desgaste severo, se não tiver um preparo físico não agüenta o tranco. Em outras palavras, todo mundo pode aprender xadrez, inteligência é inerente a todo ser humano e é usada a todo instante independente do esporte. Ou alguém vai me dizer que um astro do esporte como Michael Jordan não foi inteligente para se tornar o Pelé do Basquete?

9) No mundo, atualmente existem vários programas de xadrez que superam os melhores jogadores de xadrez do mundo...você acha que esta perto o dia em que os humanos não vencerão mais as máquinas?
R
: Não está perto... Isso já acontece. Creio ser praticamente impossível um ser humano bater uma máquina. O Kasparov que o diga... Se naquela época ele foi derrotado por Deep Blue, imagine hoje com o avanço tecnológico correndo à passos largos.

10) Você sempre foi à fonte de inspiração das crianças que jogam xadrez em Pirai, não tem como falar de xadrez aqui sem lembrar seu nome. Você algum dia pretende parar com o xadrez, digamos se ”aposentar”?
R
: Só quando eu morrer, caso contrário vão ter que me aturar por muito tempo ainda (rsssss). Essa é uma das vantagens do nosso esporte. Poder praticá-lo em condições competitivas independente da idade.

No mês de maio o entrevistado do blog Xadrez Piraí será o Professor Pedro Caetano, de Foz do Iguaçu.

3 comentários:

Henry Milléo disse...

Parabéns meu caro.. Paixão é o motor de tudo que fazemos na vida...

Unknown disse...

ÓTIMA ENTREVISTA. UMA TRAJETÓRIA VITORIOSA QUE MERECE SER NARRADA E COMPARTILHADA COM TODOS QUE ADMIRAM SEU TRABALHO... PARABÉNS POR MAIS ESSA!!!

Herbert disse...

Parabéns Maurides,eo não posso flar que vc é um grand profissional pois eu não entendo disso, mas eo posso falar que vc realmente ama oke faz, e faz bem sempre animado sempre alegre, e como pessoa eo posso falar que vc é um grande homem,tomara que eo consiga trilhar um alegre e maravilhoso caminho assim como vc esta trilhando. ^^