O Blog Xadrez Piraí entrevista um dos nomes mais expressivos do Xadrez de São José dos Pinhais, trata-se de William Cruz, ou simplesmente Cruz, como é conhecido.
Nesta entrevista nosso amigo opina sobre assuntos polêmicos, como o a relação CREF - Xadrez, conta-nos um pouco sobre o sei início de carreira e suas pretensões futuras, projetos frente à FEXPAR e o como São José dos Pinhais está se preparando a fase final dos Jogos da Juventude do Paraná.
Como foi seu inicio? Conte-nos um pouco
sobre o seu aprendizado.
R= Tudo começou
no Colégio Estadual São Cristóvão, em 2002, pelo trabalho do professor Marcelo
Vinícius dos Santos, que despertou meu interesse por xadrez. Comecei a jogar o Circuito Curitibano de
Xadrez Escolar (atual Desafio Xeque Mate) e me animei com os resultados,
abandonando os treinos de futebol. Meses
depois, conheci o Osvaldo Andrade, grande responsável pela evolução técnica dos
enxadristas são-joseenses. Também
gostaria de ressaltar a importância do Clube de Xadrez de Curitiba, que durante
todos esses anos realizou grandes torneios, proporcionando a oportunidade de
jogar contra os melhores jogadores do Brasil.
Celebrando mais um título na carreira (Paranaense Sub 20)
Você é um dos
melhores jogadores do Estado do Paraná, como conseguiu manter um bom nível
tendo que dividir seu tempo com a faculdade?
R= Eu te agradeço pelo elogio, apesar de achar
que você está sendo um tanto otimista comigo. Em geral, jogar xadrez não é
fácil mesmo. Na juventude, tudo é novo e divertido. Nesse contexto, o xadrez
pode ficar um pouco de lado. Depois
disso, a maturidade chega e você precisa ter responsabilidade. O que eu vou ser da vida? O que preciso fazer
para isso dar certo? As repostas para essas perguntas às vezes deixam o xadrez
ainda mais distante. De qualquer forma, eu sempre continuei trabalhando no
xadrez, nunca parei, por mais difícil que fosse o momento. Claro que em alguns momentos
mais, outros menos, mas sempre estive por ai, entre uma partidinha e outra. Como
dica, é bom se juntar com pessoas que estejam animadas com o xadrez. Quando
meus amigos de São José dos Pinhais se distanciaram do jogo, me aliei ao Rafael
Moreira Araújo (Nutrinho) que estava num ótimo momento, depois disso, fiz
algumas viagens com o Paulo Palozi, entre outros, sempre buscando unir forças.
Vai participar
do Aberto do Brasil, em Maringá? Qual sua expectativa?
R= Participação
confirmada. Em janeiro de 2012 eu estava
com 2152 de rating FIDE. Nessa época iniciei um treinamento com o GM Sandro Mareco,
com o objetivo de passar a barreira dos 2200. Atualmente estou com 2188 e vou
tentar cumprir essa meta em Maringá.
São José dos
Pinhais é a sede da final dos Jogos da Juventude, fale um pouco sobre a
estrutura que a cidade irá oferecer para os atletas no período dos jogos.
R= O Aeroporto
Internacional Afonso Pena está localizado em São José dos Pinhais.
Desta forma, a cidade está recebendo inúmeras melhorias para a Copa do Mundo.
Na área esportiva, no último mês foi inaugurado o Ginásio Afonso Pena, com
capacidade para 4 mil pessoas. É uma estrutura moderna que será o principal
palco dos jogos.
Qual sua expectativa com relação ao
desempenho da equipe da casa nos Jojups?
R= É sempre
difícil falar de resultados. O trabalho é realizado em muitas cidades e todos
possuem os mesmos objetivos. Por estar mais próximo da capital, tenho uma noção
superficial do que acontece no interior. No masculino, o objetivo é muito
claro, inicialmente a ideia é lutar pelo pódio e, se as coisas forem dando
certo, quem sabe não surpreendemos. No
feminino, o trabalho iniciou um pouco depois. A média de idade da equipe é de apenas
14 anos. As meninas são talentosas e quem sabe, não conseguimos algumas
medalhas.
O que você acha
sobre a exigência de CREF para os técnicos / professores nos Jogos Oficiais do
Paraná? Acha que os professores de xadrez devem fazer parte do
sistema CREF/CONFEF?
R= Não vejo a
necessidade do CREF para o xadrez.
Existem muitos técnicos de sucesso que não possuem esse certificado. Eu
preferia ter um GM como técnico do que um Doutor em Educação Física. O
“... A propósito de Ricardinho
(técnico do Paraná Clube), o Conselho de Educação Física quer proibi-lo de
trabalhar formalmente como treinador, por não ter curso universitário.
O dito conselho rasga a Constituição e legisla às escondidas. Não há lei que
proíba Ricardinho. Ao contrário, a Constituição o protege. Há quinze anos, o
saudoso Hélio Alves já falava que o fantasma dos técnicos eram os educadores
físicos. Dito e feito: não sabem nada de futebol, mas querem ser
treinadores...”
Augusto Mafuz, 31 de julho de 2012.
Hoje você é o
responsável pela parte de comunicação da FEXPAR, basicamente, quais são suas
atribuições frente à Federação?
R= Neste momento
eu estou à frente, junto com o ilustre Prof. Wilson Silva, de um projeto
visando colocar o xadrez na TV. Trata-se de um programa com conteúdo para os
enxadristas do estado. É o que eu posso contar no momento, para não prejudicar
o andamento das coisas.
Como é realizado o trabalho com o xadrez em São José dos Pinhais?
Existe apoio por parte do poder público e/ou parcerias privadas?
R= Em São José dos Pinhais, o
apoio é total da Prefeitura Municipal. A Secretaria de Educação sede o local
para o Clube de Xadrez e a Secretaria de Esportes mantêm tudo funcionando.
No empate histórico contra o GM Sunye.
Atualmente o blog Xadrez Piraí publica uma
série denominada “Talentos Paranaenses”, e neste primeiro momento foca os
enxadrístas na faixa de idade de até 18 anos. Em São José dos Pinhais,
quem você destacaria como talentos no masculino e no feminino?
R= No masculino
temos o Bruno Henrique Alves (vice no PR sub-10), o Paulo Muraro Ferreira (vice
no PR sub-18), mas hoje vou destacar o Jefferson Lucas Munhoz Barbosa. O atleta
não pôde jogar o paranaense, mas está enfrentando de igual os principais
jogadores do Clube de Xadrez de Curitiba. Em um único evento, venceu o
presidente Acyr Calçado, empatou com o Paulo Palozi e com os irmãos Vitório e
Justo Chemin.
No feminino, destaco a Geovana Jareck Zeck, o
pessoal um pouco mais velho vai lembrar de suas irmãs que jogaram o Jojup´s por
vários anos. Geovana tem mostrado uma evolução boa, estando entre os primeiros
do Desafio Xeque Mate, também conseguindo destaque entre os meninos.
De uma maneira
geral, como você analisa o xadrez no Paraná? Quais os pontos positivos e o que
tem que ser feito para melhorar em alguns aspectos?
R= Eu percebo
que, em geral, tudo gira em torno dos Jogos da Juventude. O problema disso é
que cria uma rivalidade muito grande entre os atletas e entre os técnicos.
Muitos querem esconder ao máximo as informações e isso prejudica o desempenho
geral. Acho que o trabalho deveria ter o objetivo de formar mestres, campeões brasileiros
e não encarar o Jojup´s como uma Copa do Mundo. Talvez se os coordenadores
levassem isso até as prefeituras, seria mais fácil unir o estado em um sistema
de treinamento integrado, que poderia ser pela internet, formando uma escola
paranaense de xadrez, muito mais fortalecida que uma escola curitibana,
são-joseense, londrinense.
Considerações
finais
Eu gostaria de agradecer
a todos que me ajudaram nessa jornada: minha família, meus amigos e meus alunos,
pessoas que me motivam a ser uma pessoa melhor. O Colégio Estadual São
Cristóvão e o Colégio Estadual do Paraná, que usaram o xadrez como ferramenta
pedagógica para a minha educação. O
Clube de Xadrez de Curitiba e a Fexpar que ofereceram oportunidades para a
evolução como enxadrista. A Prefeitura Municipal de São José dos Pinhais que me
oferece as condições necessárias para jogar um xadrez melhor e para treinar a
nova geração de enxadristas. O Colégio Top Gun que acreditou no meu trabalho e me
deu uma chance como professor de escola. As cidades de Cascavel, São José dos
Campos-SP, Altinópolis-SP que me deram oportunidades como enxadrista e, em
especial, Campo Mourão, onde fiz muitos amigos e tenho ótimas recordações dos
três anos de conquistas.
O Blog Xadrez Piraí agradece William Cruz pela entrevista.
Nosso próximo entrevistado será o renomado Dr. Wilson da Silva.
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