Um formador de vencedores! Assim podemos descrever Tiago Almeida, o Tiagão, como é mais conhecido no meio enxadrístico.
Em novembro escreveu definitivamente seu nome entre os grandes do nosso esporte ao conquistar de forma emocionante o tetra campeonato dos Jogos da Juventude do Paraná, realizado em novembro, em São José dos Pinhais.
Tiago nos conta um pouco mais sobre sua vida de treinador, seu apego com os "Red Wolfs", as polêmicas da internet e também sobre as dificuldades do dia a dia para conquistar importantes títulos.
1. Quando
começou seu envolvimento com o xadrez, mas especificamente, o xadrez de
rendimento?
Comecei em 2006, primeiro como técnico do feminino e
auxiliar do masculino. Em 2009 assumi também a equipe masculina.
2. Fale
um pouco sobre os "Red Wolf", como surgiu essa ideia e o porquê desse
nome?
Bom, Red Wolf vem das uivadas da molecada, então
resolvemos dar um nome que tem a ver com xadrez. Em todos os torneios eles
tinham mania de uivar, então resolvi dar um nome que demorou um pouco a sair,
depois coloquei no papel e dei forma a isso, Red (relaciona-se ao vermelho da
bandeira de Londrina), Wolf
(lobo em inglês) vem das características do lobo,
que não é muito forte, mas muito inteligente, o lobo
sobrevive bem em grupo e sozinho, então fiz uma analogia com as modalidades
individuas e por equipe do xadrez.
3. Londrina conseguiu nos últimos Jogos da Juventude um feito
incrível, o tetra campeonato geral (masculino). A que você atribuí esta conquista?
Trabalho duro. Não fazem ideia do sacrifício que foi
feito todos os dias estudando das 21:00 às 00:00 e também temos bases e ideias
bem diferentes da galera em formas de estudar e jogar as partidas.
4. Externamente,
via facebook, criou-se uma grande rivalidade, Londrina
é vista como a equipe a ser batida, por conta disso, algumas vezes aconteceram
debates acalorados na rede social. Você acha válida essa rivalidade? O que
pensa sobre isso?
Por mais feia que seja a guerra ela sempre traz a
evolução. Todos treinam mais e focados. O futebol é bem aclamado pelas rixas e
quando temos um rival lutamos para ser melhor. Acho que em certo ponto a rivalidade
é boa para manter um clima quente, um pouco de pimenta não faz mal.
5. Em uma
entrevista ao Jornal Folha Web, você afirma que apesar dos ótimos resultados, o
xadrez ainda padece de um maior apoio em Londrina
e que alguns jogadores ainda precisam de recursos dos pais. O que precisa para
mudar este quadro?
Dinheiro e reconhecimento. Olha, dinheiro faz toda a
diferença. Eu vejo que com muita grana eles estariam em um patamar de jogo
absurdo e com quase nada já fazem milagre. Quatro anos não é fácil manter,
ainda mais sem verba digna.
6. O que
você pensa sobre a relação CREF-Xadrez e o que você acha que a Fexpar pode
fazer a respeito?
Nada. Leis do estado para o estado e leis da Fexpar
para Fexpar.
7. A
equipe feminina de Londrina
tem mostrado evolução. É possível crer que chegará ao patamar do masculino e também
dominará a modalidade?
Não posso afirmar. Mas vou trabalhar muito para que
isso aconteça. Esse ano quase deu para chegar ao topo com o feminino, mas estou
muito feliz em fazer parte das três primeiras colocadas.
8. Por
conta da idade, Londrina
perderá jogadores importantes para o próximo ano para a disputa dos Jojups. Vai
apostar na base?
Também. Acredito que todos já estão trabalhando para
o ano que vem ser o best novamente de Londrina.
Acho que 6 meses de correção com minha base será o suficiente para chegar bem
em 2013.
9. E o
xadrez de uma maneira geral no Paraná? Como está? Quais trabalhos você pode
destacar?
Piraí do Sul (Maurides Júnior) muito bem na parte de
desenvolvimento de torneios, bem organizado. Ponta Grossa (Lucas Silvestre
Borges) e Foz do Iguaçu (Pedro Caetano) forte em sua base e Curitiba (Alexandre Zampier)
surpreendeu com o feminino. Acho que em poucos anos serão uma potência dentro
do Paraná.
10. Pra encerrar,
como você define o jogo de Xadrez? O que ele representa para você?
Tenebroso e profundo. Ele é minha paixão.
Considerações
finais.
A "matilha"
Poxa, seriam lamentações finais. Na moral, sabe,
meus alunos estão comigo desde os 11 aninhos e acabou muito rápido, vi crescer,
virarem homens e hoje é o fim. O amor que tenho pelos “young wolfs”, eles são
tudo de ruim mas tudo de bom ao mesmo tempo, posso dizer que meus “red wolfs”
são divinais para mim, cada um deles. Foi um marco histórico para o xadrez de Londrina, mas também o fim de uma
geração vitoriosa.
O Blog Xadrez Piraí agradece Tiago Almeida pela entrevista.
Ainda no mês de dezembro publicaremos entrevista com a WFM Vanessa Feliciano, aguardem.
Fotos: Jornal Folha Web, Johnny Katayama e Tiago Almeida.
Um comentário:
Gr Maurídes, mais uma vez parabéns pelo trabalho de divulgação do xadrez do Paraná nessa entrevista. Tiago: jogador, professor, técnico, árbitro, organizador... vc nos honra com seu trabalho e dedicação ao esporte. Magnífica entrevista, sou seu fã. Abraços...
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