Para fechar com chave de ouro o ano de 2012, o blog Xadrez Piraí tem a honra de entrevistar a WFM Vanessa Feliciano.
Nesta entrevista, Vanessa fala um pouco de sua carreira, sua relação com os fãs e sua busca pelo título máximo do xadrez feminino, WGM.
A catarinense iniciou suas atividades enxadrísticas incentivada pelo pai aos sete anos de idade, e teve em seu pai o treinador por dez anos.
Vanessa é uma vencedora nata (confira aqui suas principais conquistas), e agora luta pela sua norma definitiva de WGM.
1. Fale um pouco de sua carreira.
Comecei a jogar xadrez com 7 anos,
foi meu pai quem me ensinou e me treinou por 10 anos. Ele é meu grande
incentivador. No final de 2007 comecei a treinar com o MF Álvaro Aranha que me
ajudou muito a evoluir. Atualmente, Álvaro segue como meu treinador e tenho aulas
com o GM Gilberto Milos.
2. Como é sua rotina de treinamento?
Como é sua preparação pré-evento?
Treino todos os dias por cerca de 3
horas. Antes de algum torneio tento estender esse tempo de estudo e direcionar
o treinamento para revisão das minhas aberturas.
3. Você é detentora de uma vasta lista
de conquistas. Qual você considera a mais importante?
Tem algumas conquistas importantes,
mas acredito que as duas normas de WGM conquistadas nas Olimpíadas de 2012 foi
mesmo especial, pela dificuldade, pelo desempenho e pelas partidas que acho que
foram boas.
4. Além de grande jogadora, você também
é reconhecida pelo carinho e atenção que dá aos seus fãs, recentemente, no
Aberto do Brasil, em Maringá, pude constatar que você realmente atende a todos
com muito carinho e atenção. Fale um pouco da relação com os seus fãs.
Fãs?! Rs. Acho que muitas pessoas
torcem e acompanham, e é muito bom receber o carinho das pessoas e saber que
elas estão e continuam torcendo, mesmo quando o resultado não é dos melhores
(rs).
5. Com 7.0/9.0 nas últimas olimpíadas na
Turquia você foi recebeu o título de WGM, a primeira do país. Sem dúvida uma
láurea e tanto. Já havia vislumbrado esse momento?
Na verdade, algumas pessoas ficaram
em dúvida sobre isso, mas o que eu consegui nas Olimpíadas foram duas normas de
WGM das três necessárias e não o título. Ainda falta uma norma e alcançar o
rating (2300). Mas de qualquer forma, foi uma conquista muito importante e
fiquei muito feliz, preciso continuar estudando e melhorando, pois acredito que
o título será uma consequência.
6. De uma maneira geral, incluindo
premiações, incentivos, eventos, etc., como você vê o xadrez feminino no
Brasil?
Acho que melhorou muito para o xadrez
feminino, as oportunidades, incentivos e a iniciativa dos pré-olímpicos foi
muito boa, já que tivemos a melhor equipe representando o Brasil. Em
consequência disso, acredito que o nível das jogadoras tem melhorado
claramente. Espero que isso possa continuar e até melhorar.
7. Como foi o episódio do médico que
disse “Poderia ser um menino para
jogar xadrez…”?
(Rs) Somos em três irmãs em casa e sou
a mais nova. Meu pai sempre quis ter um menino para jogar xadrez e as pessoas
na cidade o conheciam como enxadrista também. Eu fui a última tentativa, mas
quando nasci, o médico foi até meu pai e disse: “É Nilo, poderia ter sido um
menino para jogar xadrez”. Muitos anos depois, pude conhecer o médico, ele se
lembrou da frase e ficou feliz porque mesmo menina, segui os passos do pai.
8. “Talentos não nascem, eles são criados”. Essa era a tese do
professor húngaro Lázaro Polgar (László Polgár), autor do livro “Bring Up
Genius! Você concorda?
Acredito que as pessoas nascem com algum tipo de
característica de personalidade ou algum talento que podem ajudam com o xadrez,
mas se esse talento não for desenvolvido em nada vai ajudar, e mesmo se for
desenvolvido, mas a pessoa não se dedicar, não estudar e não se esforçar, de
nada ele vale. É o que por vezes falamos que tal pessoa “leva jeito pra coisa”,
muitos levam jeito, mas são poucos que se dedicam de verdade, e é o trabalho
duro que faz a diferença.
9. Você acha que ainda existe
preconceito com o xadrez feminino, algo do tipo, “Não admito perder para uma
mulher”?
Acho que existe sim. Mas penso que
com o tempo isso vai acabar as mulheres estão muito bem, conquistando seu
espaço e mostrando que podem encarar os homens de igual pra igual!
10. E em 2013, quais os planos da WMF
Vanessa Feliciano?
Ainda não tenho muitos torneios
programados e confesso que ainda não fiz um planejamento com Álvaro. Mas
gostaria muito de conseguir o título de WGM em 2013, quero que seja um ano de
muito estudo e de muitos torneios, porque isso é o que eu mais gosto.
Considerações finais.
Gostaria de agradecer ao Maurides
pela oportunidade e pelo espaço. Desejar a todos os leitores um feliz 2013,
cheio de torneios! =)
O Blog Xadrez Piraí agradece a WFM Vanessa Feliciano pela entrevista.
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