Do livro "Antologia Pessoal", de Jorge Luis Borges, página 89.
Em seu austero canto, os jogadores
regem as lentas peças. O tabuleiro
prende-os até a alva no severo
espaço em que se odeiam duas cores.
Dentro irradiam mágicos rigores
as formas: torre homérica, ligeiro
cavalo, armada rainha, rei postreiro,
oblíquo bispo e peões agressores.
Quando os jogadores tiverem ido,
quando o tempo os tiver consumido,
certamente não terá cessado o rito.
No oriente acendeu-se essa guerra
cujo anfiteatro é hoje toda a Terra.
Como o outro, esse jogo é infinito.
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