quinta-feira, outubro 09, 2008

10 PERGUNTAS PARA JAIME SUNYE!

Iniciamos hoje no blog Xadrez Pirai o quadro “10 perguntas para...”. Trata-se de um espaço onde uma vez por mês será publicada uma entrevista com uma personalidade importante do meio enxadrístico e de pessoas que contribuem e incentivam a prática desta maravilhosa modalidade esportiva.
O primeiro entrevistado do quadro é o Grande Mestre Jaime Sunye.
Sunye conta um pouco sobre o início de sua carreira, o atual momento do xadrez no país e no estado, a regionalização do xadrez nos jogos abertos do Paraná, o mundial entre Anand e Kramnik entre outros assuntos.


XP: 1. Fale um pouco sobre o início de sua carreira. Com quantos anos começou a jogar?
Sunye: Comecei a jogar na Biblioteca Publica do Paraná, com 11 anos. Com 13 comecei a freqüentar o CXC (Clube de Xadrez de Curitiba).

XP: 2. Você se espelhou em algum Grande Mestre para prosseguir sua carreira e torna-se um enxadrísta profissional?
Sunye: A idéia de jogar profissionalmente só me ocorreu depois de jogar alguns torneios em 1980, mas só em 82 decidi mudar para a Europa e jogar. Não me espelhei em nenhum jogador para tomar esta decisão, que foi mais baseada no desejo de conhecer outras culturas e conviver num meio bastante especial.

XP: 3. De uma maneira geral, como você analisa o atual momento do xadrez no Brasil? Existe apoio do Governo Federal ou de outros segmentos? E no Paraná, você pode destacar alguns trabalhos?
Sunye: O xadrez vai muito bem no setor educacional, onde o Paraná lidera. A imagem do xadrez como instrumento pedagógico e positiva e muito forte. O projeto do MEC, de replicar a experiência do Paraná em todo o Brasil, segue, mesmo com oscilações. No alto rendimento, não vamos bem. São Paulo se destaca, mas mesmo lá as condições são inferiores do que há 10 anos. Ai o apoio do ME tem sido pífio e a CBX sozinha não consegue reverter a situação.

XP: 4. Você esta integrando a equipe nacional que irá representar o Brasil nas olimpíadas de Dresden no mês de novembro, como se sente em relação a isso e por que outros Grandes Mestres como Milos, Leitão, Vescovi e Mequinho também não estão na seleção?
Sunye: Gosto muito de participar das Olimpíadas e é uma pena que a equipe brasileira nao conte com seus melhores jogadores pela coincidência de datas com os JAISP (Jogos Abertos Interior São Paulo), principal fonte de renda destes jogadores.

XP: 5. A partir de 2009 o xadrez passará a disputar fases regionais para classificação à fase final dos jogos abertos. Porque essa mudança é necessária e quais os prós e os contras? Isso não beneficia somente as grandes cidades que possuem recursos para contratação de jogadores profissionais? Os jogos da juventude também passarão por essa mudança?
Sunye: O crescimento excessivo dos JAPs e JOJUPs esta inviabilizando as competições. Existe a decisão, do Conselho Estadual do Esporte e Lazer e da Paraná Esporte, de elevar a qualidade e manter o crescimento quantitativo e isto só é possível com a regionalização. A grande dificuldade que vejo e o aumento dos gastos dos Governos Estadual e dos municípios grandes, que profissionalizam suas equipes. Os grandes ganhadores são os pequenos municípios e para os médios haverá novas opções.

XP: 6. Você foi um dos fundadores do Clube de Xadrez Prof. Hélio Saldanha em Piraí do Sul. A cidade presta homenagem a você realizando anualmente a Copa Jaime Sunye, um dos eventos mais importantes do calendário local e que classifica os vencedores para a final dos Paranaenses absoluto e feminino. Como é ser homenageado com um evento que leva seu nome?
Sunye: Sempre estive profundamente vinculado as atividades do xadrez em todo o Estado e é com muita alegria que recebo o que entendo ser um duplo reconhecimento: por este trabalho e pelos meus resultados enxadristicos.


XP: 7. Quais dos campeões mundiais você conheceu pessoalmente? Existe uma famosa partida jogada contra o Kasparov na Áustria, em 1981, está correto? Como é enfrentá-lo?
Sunye: Joguei com Smislov, Petrossian, Tahl, Spasski, Karpov, Kasparov e Kraminik. Sempre é muito dificil jogar com enxadristas da elite. Por outro lado é extremamente motivador. Todas as partidas foram muito interessantes, mas a de Kasparov acabou sendo imortalizada pela combinação final, que é de uma profundidade impar.

XP: 8. Você já disputou a eleição para a presidência da FIDE. Atualmente qual a sua relação com a Federação Internacional e o que pensa sobre o atual presidente?
Sunye: Disputei a eleição com o Iljumzhinov, perdi e me afastei.
Ele tem muitos recursos próprios que ele aplica no xadrez, mas os resultados nao tem sido os esperados. A FIDE nao e fácil de administrar e formar uma boa equipe acaba sendo o mais importante.

XP: 9. Anand x Kramnik pelo mundial. Qual o favorito e por quê?
Sunye: O Anand e uma pessoa mais simpática e com um estilo mais atraente e possivelmente seja o favorito em qualquer torneio no mundo. Já Kramnik, que conhecemos muito bem pois esteve mais de 6 meses vivendo conosco entre os Mundiais de Guarapuava e Maringá, demonstrou ser um jogador de matchs, dificil de quebrar.

XP: 10. O que pensa sobre o jovem talento norueguês Magnus Carlsen? Chegará a ser campeão mundial?
Sunye: Acho que tem todas as condições e que e o favorito da sua geração. Tive a oportunidade de conversar mais longamente com seu pai, um engenheiro de petróleo que investiu muito no talento do filho, em Bilbao. Ele tem grandes preocupações sobre o futuro do filho, mas estão determinados a seguir com esta meta.

No mês de novembro nossa entrevista será com a Secretária de Esportes e Lazer de Piraí do Sul, Sr. Vera Lúcia Saldanha Sguario.

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