sexta-feira, maio 10, 2013

SECRETARIA MUNICIPAL DE POLÍTICA SOBRE DROGAS.

No último dia 07/05 de maio, estive participante de um ciclo de palestras sobre os 120 dias da Secretaria Municipal de Política sobre Drogas. Realmente, um tema polêmico em que o questionamento é simples, "Drogas, quem é o culpado"?

Na oportunidade, o pronunciamento do Sr. Maricelso Ribeiro, foi sincero, reflexivo e importante para algumas questões, pronunciamento esse, que reproduzo integralmente abaixo.


Pronunciamento: Maricelso – Reunião 07/05/2013

"Senhoras e Senhores bom dia!!!       
Muito obrigado pela presença...

                O mal do século sem dúvida é o envolvimento, cada vez mais cedo, de crianças, jovens e adolescentes no mundo do álcool e de outras drogas.
                A iniciativa do Prefeito TIM em instituir a SECRETARIA MUNICIPAL DE POLÍTICA SOBRE DROGAS demonstra a vontade política de fazer o enfrentamento a essa triste realidade. Tendo sido convidado para ser a pessoa de sua confiança para ocupar essa Pasta, função e responsabilidade, nos deixa ao mesmo tempo muito feliz e também bastante preocupado, pois sei do grande desafio que nos impõe esse Cargo, essa Função e Atribuição.
                Vontade, iniciativa e coragem não nos falta. A experiência que tenho, adquiri com o sofrimento, pois tenho sim um filho adicto, ex-usuário de drogas, mas DEPENDENTE PARA O RESTO DA VIDA. Da mesma forma sou um CODEPENDENTE para o resto da minha vida, quem sabe por isso eu possa ENXERGAR e VISUALISAR um pouco mais longe, sobre o que fazer e como fazer.
                A presença de cada segmento hoje aqui representado é a forma de como enxergamos a necessidade urgente de ser dado mais um passo nesta gestão do Prefeito TIM, no sentido de ESCLARECER, TIRAR DÚVIDAS, ASSUMIR COMPROMISSO, FIRMAR PARCERIAS e principalmente perceber a importância da discussão da POLÍTICA PÚBLICA SOBRE DROGAS na ótica de SER UM COMPROMISSO DE TODOS.
                Tenho certeza, sairemos daqui mais fortalecidos e capazes de perceber o momento certo de PARAR, de OUVIR, de OLHAR, de PENSAR e de AGIR.
                O álcool e demais drogas estão cada vez mais presente em todos os segmentos da sociedade, nas festas, nos bares, nos bailes, nas praças, nas ruas, nas escolas, nas universidades, nas cadeias, e até mesmo nas igrejas e em nossa casa. E para complicar ainda mais, convivemos num conflito de gerações na qual nós não evoluímos o suficiente para ouvir de perto, para sentir, para perceber, para dizer “sim” e “não”. Temos dificuldade de exigir sem impor, falar sem gritar, atrair sem puxar, conduzir sem empurrar, cuidar sem aprisionar, repreender sem agredir.
                Me permitam Retratar as Famílias nos dias de hoje!

                 -“Somos a última geração de filhos que obedeceram a seus pais, e a primeira geração de pais que obedecem a seus filhos. Somos os últimos que tivemos medo dos pais, e os primeiros que tememos os filhos. Somos os últimos que cresceram sob o mando dos pais, e os primeiros que vivem sob a imposição dos filhos. E o que é pior, somos os últimos que respeitamos nossos pais e os primeiros que aceitamos que nossos filhos nos faltem com o respeito.
                -“Antes se consideravam bons pais, aqueles cujos filhos se comportavam bem, obedeciam as suas ordens e os tratavam com o devido respeito. E se consideravam bons filhos, as crianças que eram formais e veneravam seus pais.” Mas, na medida em que as fronteiras hierárquicas entre nós e nossos filhos foram-se desvanecendo, hoje, os bons pais são aqueles que conseguem que seus filhos os amem, e, ainda que pouco, os respeitem. E são os filhos que, agora, esperam respeito de seus pais, pretendendo de tal maneira que respeitem as suas idéias, seus gostos, suas preferências e sua forma de agir e viver. Quer dizer, os papéis se inverteram, e agora são os pais que têm de agradar a seus filhos para ganhá-los e não o inverso, como no passado. Isto explica o esforço que fazem hoje tantos pais e mães para serem os melhores amigos e "tudo dar" a seus filhos.

                Questionamos:
                O que mudou nas relações familiares?
                Porque os pais sentem-se perdidos e não conseguem mais educar os seus filhos repassando esta tarefa para os professores?
                Porque será que a escola esta sempre precisando pedir ajuda ao Conselho Tutelar, Patrulha Escolar, Polícia Militar, Polícia Civil e até Ministério Público?
                Será que precisamos reinventar a família?
                Será, será, será...
                 Diante de tantas dúvidas, preocupações, medos e culpas, o que precisamos mesmo é de momentos para a reflexão e análise sobre como está o nosso comportamento pessoal, familiar e profissional.
                 É neste aspecto, que a Secretaria de Política Sobre Drogas tem como aliada e parceira a ONG e o programa do Amor-Exigente, que nas reuniões semanais de apenas duas horas, através dos seus doze princípios que são trabalhados mês a mês, nos propõe esta reflexão e um olhar primeiro para nós mesmos, depois, para a nossa casa e para a sociedade.
                 Vejamos as 4 obrigações que os pais devem promover aos filhos: (1) O bem-estar físico; (2) O bem-estar emocional; (3) O bem-estar espiritual; (4) A educação.
                 A idéia de que a paternidade nos transforma em super-heróis é totalmente falsa, uma vez que nos coloca numa situação em que precisamos extrapolar os nossos limites físicos, financeiros e, principalmente, emocionais.
                 Aos poucos vamos perdendo a noção de que pais também são gente, e que temos os nossos sonhos e desejos, e que não podemos viver apenas para a satisfação dos sonhos e desejos dos nossos filhos.
                 Porém é preciso que tenhamos um olhar mais atento e cuidadoso para a nossa casa, nossa família e nossos filhos.
                 Muito do que os filhos serão no futuro, está diretamente ligada à forma como foram educados dentro do lar, e o quanto este lar foi verdadeiramente uma família.
                 É preciso ter em mente que falar em educação é falar de limites, assim como, falar de família é falar de afeto.
                 Limites não tem nada a ver com imposição de castigo ou punição. E isto é importante deixar bem claro.
                 O castigo está diretamente ligado à paciência e humor de quem esteja querendo aplicar o “corretivo”. Sendo assim, a forma como será aplicada esta “correção” é muito relativo. Portanto, tende muito mais a deseducar a criança.
                 O que é ruim pode piorar. Ao aplicar o castigo e ver que “passou da conta”, normalmentebate um arrependimento e um sentimento de culpa, fazendo com que haja o desejo de se redimir. Ai vai haver uma condescendência justamente naquilo que se pretendia corrigir. 
                 E ao olharmos com atenção para o retrato do que tem sido a família, neste momento vamos perceber que a maioria dos problemas na relação entre pais e filhos, está relacionada à disputa e conflito de poder.
                 Os filhos testam a todo instante os limites dos seus pais. Ai, os pais ficam num grande dilema em saber até onde ir sem ser autoritário, e até onde deixar de ir, sem ser permissivo.
                 Este equilíbrio buscado a todo instante, será possível a partir de exemplos vivenciados entre o casal, que servirá de alicerce na educação do filho.
                O exemplo demonstrará que as regras são para todos e não somente para o filho.
                Jamais esquecer que os defeitos dos nossos filhos, são filhos dos nossos defeitos.
                E uma dica de como lidar com crianças é o que Içami Tiba escreve no seu livro: “Quem Ama Educa”:
                Temos convicção que a PREVENÇÃO ainda é o melhor remédio. Por isso temos feito palestra nas escolas que tem como tema: 'Drogas: quem é o culpado?' Eu falo sobre diferentes comportamentos que favorecem o vício: ausência de orientação espiritual; deficiência de comunicação entre pai e mãe; ausência de ordem e disciplina; liberdade com a bebida alcoólica; tolerância com a preguiça; tolerância com palavras grosseiras; ausência de valorização e de afeto aos filhos.
                É possível perceber que no ambiente escolar o PROFESSOR esta gradativamente PERDENDO SUA AUTORIDADE no interior da SALA DE AULA. Quando isso acontece, é comum solicitar ajuda da EQUIPE PEDAGÓGICA, que nem sempre consegue resolver a questão e acaba pedindo auxilio à DIREÇÃO DA ESCOLA. Já faz parte da rotina escolar ser acionado o CONSELHO TUTELAR, PATRULHA ESCOLAR e até mesmo a POLÍCIA MILITAR, sendo que muitas vezes vira Boletim de Ocorrência na Delegacia de Polícia.
                Portando, o tema é polêmico e urgente de reflexão e ação. A Secretaria de Política Sobre Drogas irmanadas com as demais secretarias num trabalho em rede, pretende ser um braço da sociedade nesta luta de combate e prevenção ao álcool e outras drogas. Temos como apoio o Grupo de Alcoólicos Anônimos – A.A., Pastoral da Sobriedade, Narcóticos Anônimos – N.A. e a ONG e Programa AMOR EXIGENTE.
                Destaco o Programa AMOR ÉXIGENTE que É QUALIDADE DE VIDA, por isso é importante tratar da CODEPENDÊNCIA justamente por esse assunto não estar veiculado nas capas de revistas, rádio, jornais, TV ou internet. É uma proposta de educação destinada aos pais e orientadores, como forma de prevenir e solucionar problemas com os filhos e alunos. O Amor Exigente encoraja a pessoa a agir, em vez de só falar, constrói a cooperação familiar e comunitária, desencoraja a agressividade e a violência.
Lema do Amor Exigente:  Eu o amo, mas não aceito o que você está fazendo de errado!
                Enquanto Secretário de Política Sobre Drogas, Pai de Adicto, Cidadão e Educador ainda sonho o dia em que o conteúdo da ONG e Programa Amor Exigente possa integrar o currículo escolar das escolas municipais e estaduais.

                Muito obrigado."

Nota do Blog:
Maricelso Ribeiro é Secretário de Políticas Sobre Drogas na atual administração municipal e Pedagogo. 


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